6 de maio de 2015

Política contra o ódio


Debater sobre política é mesmo interessante e pode ser muito construtivo. Mas é preciso entender uma coisa: você não está em uma luta do bem contra o mal. Existem pessoas com ideias muito diferentes das suas, mas que são tão bem intencionadas quanto você. Não são inimigos a serem combatidos. Elas também desejam o melhor para o país e para a população. Porém, como estamos lidando com questões subjetivas, as percepções a respeito dos caminhos a serem percorridos variam de pessoa para pessoa. Isso não significa que você esteja do lado do Brasil e que aqueles que pensam diferente estejam de algum outro lado. Quando você veste uma camiseta verde e amarela, isso não lhe torna mais patriota ou superior a quem veste qualquer outra cor. Portanto, não venha com essa conversa de que é “do bem”, como se os outros fossem “do mal”. Aprenda a debater ideias sem dirigir chacotas, humilhações, xingamentos e ofensas a quem pensa de modo diferente. Não se trata de perder o bom humor, pois há uma grande distância entre a graça e o desrespeito. Se você tem gostado de falar sobre esse assunto, mas está com a impressão de que as conversas dentro de seu grupo de relacionamento são verdadeiros focos de resistência, nos quais se trama secretamente a revolução redentora, ou se acha que está salvando o país... Meu amigo, infelizmente, é preciso alertar: você está muito maluco, ou não está conseguindo enxergar todo o cenário, ou lhe faltam informações, principalmente históricas. Neste terreno da política, se o sentimento que tem lhe dominado é o ódio, então há alguma coisa muito errada com você. As paixões ajudam e impulsionam, desde que devidamente equilibradas pela razão.

A sociedade é o que é, com suas qualidades e suas deficiências, devido à mistura das mais diferentes correntes de pensamento surgidas ao longo do tempo. Liberais, conservadores, progressistas, reacionários, socialistas, smithistas, marxistas, keynesianos, esquerdistas, direitistas, ateus, agnósticos, religiosos, humanistas, secularistas... Todos contribuíram para que o mundo seja aquilo que é. É o constante embate e colaboração entre os infindáveis posicionamentos, ora puxando para um lado, ora para outro, que vai transformando as relações sociais e produzindo cenários diferentes daqueles do passado. De um modo geral, todos deverão reconhecer que o movimento é no sentido de melhora, apesar de existirem períodos e questões nos quais se observa algum retrocesso. É preciso perceber também que as diferentes questões avançam e retrocedem em ritmos diferentes. Por isso, espanta-me ver indivíduos dispostos a transformar radicalmente a realidade de acordo com suas convicções. Não desconfiam que possa haver consequências imprevistas? Que possam estar errados? Que outras ideias talvez devessem ser levadas em consideração? Que talvez fosse melhor fazer mudanças mais lentas e planejadas na direção desejada, de modo a conseguir testar os resultados? Basta de fundamentalismo! Os “novos politizados” precisam cortar esse vício o quanto antes, de preferência agora, na raiz.

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