4 de janeiro de 2010

Meu amigo machão


Meu amigo machão, muito esperto, se diverte com seus companheiros machões, também espertos, em um puteiro, enquanto sua esposa dorme tranquila, pensando que ele está em uma inocente confraternização com os colegas de trabalho. Lá eles pegam, esfregam e beijam lindas mulheres ao longo da noite.

Meu amigo machão faz isso com a consciência tranquila. Tão tranquila que, no dia seguinte, conta tudo, cheio de orgulho, a outros amigos, alguns machões, outros não. Mas sua consciência está tranquila não porque ele aceite que sua jovem esposa faça o mesmo. Não, ele não conseguiria sequer imaginá-la rodeada de rapazes mais jovens e bonitos, com mais cabelo, a pegar, esfregar, beijar. Não, de jeito nenhum. Também não é porque ache que sua esposa seria capaz de fazer a mesma coisa. Ele sabe que ela não chegaria nem perto disso. A consciência está tranquila por outros motivos.

Meu amigo machão não gosta muito dessa alcunha: machão. Não concorda com ela. Prefere deixá-la para aqueles brutamontes briguentos que conhece de longe, independente se estes respeitam ou não suas parceiras. Ele é civilizado, educado, trabalhador honesto, um homem de palavra, que honra seus compromissos. Mal sabe que ele é, sim, o verdadeiro machão.

Meu amigo machão, ao fazer o que faz, desrespeita o compromisso mais importante que firmou com a pessoa que ele mesmo escolheu para dividir a maior parte de seu tempo livre. Perceba, porém, que não há aqui nenhuma incoerência. Ele continua sendo um homem de palavra. Acontece que esse compromisso tão importante foi firmado com um indivíduo do sexo feminino e, por isso, é claro, não tem tanto valor. Se você é homem, não se preocupe: meu amigo não vai lhe deixar na mão. Machões gostam de outros machões. E os respeitam.

==##==

P.S. 1: O termo "puteiro" não foi empregado de forma pejorativa, obviamente. As lindas mulheres citadas no texto merecem todo o respeito. Bem como machões que gostam muito de outros machões.

P.S. 2: Não concordo com a comparação entre o casamento e uma prisão, aliada às tentativas constantes de promover pequenas escapadas desse suposto cárcere. Prisão voluntária não é prisão de verdade. Na grande maioria dos casos, casa-se por decisão própria.

P.S. 3: Como o assunto dessa postagem não é nem de longe religião, decidi não mencionar no texto que meu amigo machão se diz religioso, temente a Deus. Como bem lembrou um amigo não machão, isso significa que, ao se casar, além de fazer um compromisso com sua esposa, ele também reforçou esse compromisso junto a seu deus. Pelo visto meu amigo machão é mesmo muito esperto, ou então acredita em um deus muito fácil de tapear.

Nenhum comentário:

Postar um comentário